terça-feira, 14 de dezembro de 2010

DO QUE SOMOS FEITOS? RESPONDAM! -

Ilustre Cmt. Cel BM Pedro, tive a honra de conhecê-lo ainda aspirante no QCG em 1982, quando pertencia ao GOCG, e corria no ABS, viatura que sempre quis fazer parte, mas agora e no final da minha carreira e com muito orgulho estou no ATE 010, pôs não posso mais trabalhar na praia, contrai um câncer de pele, após anos na função de Guarda-Vidas. Mais faz parte, não me arrependo disso, tive a oportunidade de ajudar e salvar muitas pessoas que fatalmente seria vítima de afogamento. O que me faz a escrever e com muita emoção, é o que tenho vivido neste dois últimos anos, já no final da minha carreira cumpri 04 punições disciplinares, que no momento não vale comentar.
O nosso governador não tem valorizado a nossa tropa dignamente, atuamos aqui em nosso Estado e em outros Estados, e até mesmo fora do País, e não somos recompensados, fomos manchetes em vários jornais e revistas no Brasil e no Mundo, por nossas atuações e salvamentos, e mesmo assim o Governador não quis reconhecer, ficamos de fora e não fomos contemplados com a gratificação de natal de R$500,00, mesmo atuando bravamente nos ataques dos marginais em nossa cidade e até mesmo lá no complexo do alemão como foi reportado e ao vivo, nossos companheiros dando suporte médico de resgate a invasão. Recebemos o segundo menor salário do País, mesmo tendo a segunda maior arrecadação, sei que dependemos também do legislativo e principalmente do executivo, e o Sr.nada pode fazer, fico tentado me colocar em seu lugar, será que se sente bem com tudo isso, sei que sempre foi do lado dos praças, e sempre quis nos ouvir e nos ajudar, mais está comprometido com a situação( governo), existem muitos que gostariam de substituí lo, e a fila é grande eu sei.
A minha luta é ver todos nós, oficiais e praças valorizados e respeitados, mesmo sem recursos fui à Brasília quatro vezes lutar pela nossa PEC 300, porque aqui em nosso estado ficaremos mais quatro anos minguados por este Governo. Nessas lutas e caminhadas conheci vários amigos e exemplo de pessoas, e hoje li um depoimento de um deste que faço questão de compartilhar com o Sr. é do Sd PM Almança do Espírito Santos, de regresso ao seu estado após o nosso encontro aqui no Rio de Janeiro nos dias 09 e 10 de dezembro.
*Depoimento do Sd PM Almança*
"Quando entrei no ônibus em regresso a minha cidade, chorei. No escuro e na solidão daquele ônibus, cenas do velho Rio de Janeiro passando pela janela, chorei. Antes, e, após esvaziar os bolsos, constatar que o dinheiro não dava pra voltar pra casa.
Neste clima de tristeza, desilusão e abandono, esta pergunta veio em minha cabeça:
De que somos feitos?
O que nos faz homens e mulheres, o que nos motiva, o que somos realmente?

Um amontoado de covardes, que mal luta por sua sobrevivência? Que por medo, covardia ou sei lá o que, não é capaz de levantar sua voz e lutar por sua dignidade? Onde está a nossa moral, a nossa honra, a nossa coragem?
De que somos feitos?
Muitos dizem que a profissão de policial é difícil. Não é nada, é fácil demais! É muito fácil conviver com o perigo, arriscar sua vida todos os dias, ser ameaçado, conviver com injustiças, trocar tiro com bandidos, ser ferido. Morrer é muito fácil. É fácil ver seu filho lhe pedir um tênis e você não poder compra-lo. É fácil ter a luz cortada. É fácil sair de casa e não saber se vai voltar. É fácil enfrentar labaredas de fogo, arriscar sua vida por alguém que você nunca viu e nunca mais verá. É fácil demais transformar delegacia em presídio e um ou dois policiais tomar conta de cem presos. É fácil sentar diante de um juiz ou promotor e ser mais mal tratato que o bandido que você prendeu. Facílimo é ser humilhado por superior hierárquico, mais fácil ainda é ser humilhado todos os dias pelo governador, principalmente num determinado dia do mês, o dia do pagamento. E ser esquecido pela sociedade. Isso tudo é muito fácil.
Do que somos feitos?
Há tanto tempo que isso acontece que nos acostumamos. Acostumamos a sermos chamados de cachorros do governo. Mas o apelido tem razão de ser: Sobrevivemos de migalhas e quando o governo precisa, só um assobio é suficiente para que tomarmos a linha de frente em sua defesa.
De que somos feitos? Respondam!
O que leva um policial, um bombeiro a recusar-se sair de casa e ir para praça lutar por sua dignidade? De levantar uma simples bandeira ou faixa, de caminhar 200 metros? Isso sim é difícil.
Se sair de casa em sua própria cidade é difícil, imaginem, os que saíram de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Sergipe?
Imaginem aqueles que atravessaram o país seja para Brasília, seja para o Rio de Janeiro, como foi agora. Imaginem os reformados e pensionistas que enfrentam o perigo das estradas e lá sempre estão eles. Sempre as mesmas caras e rostos, sempre os mesmos.

Onde estão nossos comandantes que vendo a tropa passar privações ficam sempre do lado do Governo?
Ninguém tirará seus direitos, suas promoções ao apoiar suas tropas e exigir respeito e dignidade do Governo.

Será que vamos assistir impassíveis, sermos massacrados por alguns políticos e nada vamos fazer?
Não há força, não há mais voz para gritar. Só uma pergunta a responder:
De que você é feito? "

Fernando Almança
Às 06:35 do dia 11-12-2010, quando finalmente cheguei em casa.

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